quinta-feira, 1 de julho de 2010

FAUSTO (S!)

Tive o privilégio de assistir a peça Fausto(s!) da  Preqaria Cia de Teatro, indicada por meu colega de "In Cena", André! A peça foi encenada no espaço 104 na Praça Raul Soares (diga-se de passagem, um lugar muito bacana, que possibilita muita versatilidade teatral). Foi um mergulho mágico no universo da perdição humana! Percebi nos corredores, escadas, penumbras, grades, cadeiras, passarelas, janelas, pedestais e palcos, como somos  muitas vezes escravizados pelo sistema e constatei sobretudo o mais ridículo disso: somos nós mesmos que alimentamos a máquina para que esta nos escravize e nos devore como ferrugem lenta e constante. Gosto pelo sofrimento? Masoquismo gratuito? Que buraco é este que carregamos no peito que não há nada neste bendito mundo que tampone? O "diabo" tem muito pouco poder frente as nossas humanas malvadezas e sandices. Vendemos nossa alma por tão pouco, somos tão artificiais e artificializáveis! Um bando de idiotas influenciados, escrevendo muito mal o próprio destino! Barganhamos nossa alma a cada dia! Todo amanhecer, nosso abrir de olhos nos convida a mais uma escolha errada, e o pior é que quase sempre aceitamos o convite! 
Segue abaixo um trecho do texto presente no encarte da peça:
"Com “Fausto” o coletivo (Preqaria Cia de Teatro, Cia do Chá de Teatro e artistas convidados) se propõe radicalizar a busca existencial através da investigação de uma das pulsões primeiras do ser humano – o desejo. Nas palavras de Fausto, Goethe atribui ao demônio a chama desse fogo: “Ele criou em mim um fogo vivo que me atraí para todas as imagens da beleza. Assim me sinto transportado do desejo ao prazer e, em pleno prazer, anseio pelo desejo”. Na opinião desse coletivo essa é uma característica de todo ser humano: “no auge do prazer, anseia pelo desejo”, acaba de conquistar algo e já está pensando na próxima conquista. Isso é humano, embora Fausto atribua essa falculdade ao demônio, ela é humana, e é, de certa forma, o motor do mundo e ao mesmo tempo a sua maneira de auto-destruição. Nesse sentido todos fizeram o pacto e todos são Fausto".

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